Ela surgiu de repente em meio a uma pequena multidão, de um jeito que só ela faz, e me pegou desprevenido. “Oi, tudo bem?” Foi a primeira coisa que ela tratou de me dizer, já que não sabia o peso daquela pergunta.
A verdade é que não estava tudo bem, não. Há uma semana havia perdido minha avó, há cinco dias meu emprego tinha ido embora, e a reprovação na faculdade era questão de tempo. Junto a isso, também já tinha perdido a esperança de falar o que sentia. Um cara que a admirava tanto quanto eu havia contado a ela toda a sua paixão e agora ambos formavam um casal apaixonado no Instagram há mais de um mês.
Quando a imagem dela se formou de vez em minha frente, com um sorriso aberto que me lembro até agora, a única coisa que eu tratei de fazer foi devolver o cumprimento e dizer que sim, estava tudo bem comigo. “E você?” — emendei esticando os lábios com o máximo esforço que conseguia. Ela não merecia saber de nada daquilo que me perturbava. Eu era quem precisava saber se ela, de fato, estava bem.

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