A escuridão natural da noite na pequena cidade interiorana era bem mais intensa no coração de Eduardo.
Os sentimentos perniciosos de uma quase madrugada compunham sua melancolia, acompanhados de um sussurro gelado que entrava pela janela aberta.
Seus quadros, herdados da avó, se distribuíam pela parede assim como seus pensamentos. Ambos esvairados.
Sua culpa era mansa, mas corroía. Deteriorava sua essência aos poucos. A esperança em encontrar Manuela ainda era seu afago.
Por mais que conscientemente soubesse que nunca a encontraria, a esperava.
Esperar, era seu encontro.
Manuela não era invenção de sua cabeça, era a mais perfeita criação de seu protótipo doce e poético.
Tornou a embebedar a alma com mais um gole de vinho. Já era a terceira taça.
O vento que agora entrava pela janela o incomodava. Era frio e fazia a janela bater incessantemente.
Levantou para fechá-la e hesitou ao ver a lua.
Apoiou-se no parapeito e junto reclinou a esperança.
Sob a lua, passou uma moça que lhe encheu os olhos.
Radiante, apressada, e muito perdida.
Chegou até Eduardo e perguntou-lhe onde existia uma pousada para passar a noite.
O rapaz respondeu e perguntou seu nome.
Seu nome era Manuela.
Eduardo se perdeu.

Tantas Manuelas por ai esperando para serem encontradas, e a gente aqui, pensando se elas realmente existem...
ResponderExcluirIsso me fez crer que ainda encontrarei a minha Manuela.
Belo texto! Parabéns!
Obrigado pela leitura e comentário!
ExcluirMuitas Manuelas estão por aí, mas ainda não ouvimos seus nomes.
De vez em quando venho aqui saber se vc continua a exercitar o dom, e nunca saio decepcionada! Ótimo texto, belas palavras.
ResponderExcluirObrigado, Marisa!
ExcluirFico sempre feliz quando venho aqui e vejo um comentário seu. Sempre um prazer tê-la como leitora.
Forte abraço.